Ando numa fase de leitura semi compulsiva... uma sequência de muito bons livros...
À partida, nada de mal, mas isto traz um problema. As histórias que leio são interessantes. Imaginativas. Ricas.
Começo a sentir a vida mundana mais como uma narrativa, da qual eu sou o narrador. Um narrador perverso, homodiegético e omnisciente. E não quero que a minha história fique áquem destas maravilhas que leio.
I am GOD.
A fronteira entre real e ficção vai-se perdendo. Em cenários sociais torna-se pior o problema. Cada pessoa é friamente observada, estereotipada e resumida:
"A adolescente pseudo rebelde que não está bem em lugar nenhum pois todo o lugar é um atrofio",
"O desbocado inconveniente falso simpático com algo no olhar estranhamento psicopata",
"A belíssima jovem sofisticada que aparenta ter o mundo na mão mas que no fundo é uma menina frágil e insegura",
"O bêbado",
"A empregada oriental",
"O porteiro".
Judging a book by its cover... de notar que os últimos três eram figurantes. O que deve ser chato. Ver a nossa vida resumida a uma ou duas palavras. Innocent bystanders in a larger picture. Eles não eram menos importantes. Apenas menos interessantes. No fim, com um twist brilhante, um deles poderá vir a ter uma descrição maior, mas por agora não. São o cinzento na história que faz o vermelho realçar. Pobres coitados.
I am Big Brother.
As pessoas tornam-se personagens. E eu provoco-as para tornar a acção mais interessante. Pico-as. Distorço factos. Puxo uma reacção. Gozo com aquilo em que mais acreditam. Passam a ser quase marionetas nas minhas mãos. Pico uma para provocar reacção noutra. Tudo para tornar o produto final ligeiramente mais atractivo para o "leitor". Problema é que o único leitor sou eu.
Or am I?
THE END
Saturday, April 28, 2007
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
2 comments:
Welcome back.
bravo...bis...encore encore!!
Post a Comment