O dia começa mal. O bacalhau com grão à hora de almoço ajuda. Mas a sessão da tarde afunda tudo novamente.
Picado o ponto e a cabeça ainda um pouco em modo trabalho, apanho o metro direcção ao Monumental.
A viragem.
O metro cheio de historias. Sai uma, entram três. Uma fonte de inspiração. Entra um acordeonista. Um momento de relaxe. Uns metros acima de mim estão pessoas, sozinhas, isoladas dentro dos seus carros, paradas no trânsito. Verde, amarelo, vermelho. Verde, amarelo, vermelho. Pobres coitados.
Cheira a castanhas na estação de metro. Rendez-vous com o jornalista da televisão na cervejaria. Ele fecha a Visão e comprimenta-me calorosamente. A conversa é perfeita. Fala-se de tudo e de nada. Uma Judas e uma Boemia dão cor à mesa. A conversa já me fez esquecer porque é que o dia estava a ser mau.
O jornalista tem de ir. Com muita pena despeço-me. É tarde demais para ir ao cinema, cedo demais para ir beber um copo. Resolvo ir a pé para casa. Está um frio agradável, a chuva miúda faz tudo reflectir e brilhar. O barulho da cidade está ensurdecedor, mas neste momento quase parece jazz. Até Gershwin.
O percurso até casa é um previlégio. Marquês de Pombal, Largo do Rato, Jardim e Basilica da Estrela, Infante Santo. Subo as escadas, vou até à mercearia do Bairro. Enquanto improviso as compras para o jantar, estão três camaradas à volta de uma mesa de fórmica a discutir o jogo de ontem. Em cima da mesa, a garrafa de vinho carrascão e três copos meio cheios.
Chego a casa e abro uma garrafa de tinto, e enquanto olho para o Tejo escrevo este post. No bairro não há barulho, só se ouve à distância um disco de ópera de um vizinho qualquer.
Às vezes esqueço-me o quanto gosto desta cidade...
Friday, December 08, 2006
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